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sexta-feira, 22 de julho de 2011

ESCREVENDO: A igreja e a propaganda enganosa



Se as igrejas evangélicas, muitas delas, talvez a maioria, fossem regidas pelo Código de Defesa do Consumidor, teriam de ser multadas e, até, fechadas, por propaganda enganosa. 

Senão vejamos: Caminhava eu pela praça de meu bairro quando ouvi, em alto e bom som: “Se você está necessitando de um milagre, venha recebê-lo”.

Tratava-se do chamamento de uma Igreja Assembléia de Deus para um “grande” evento que realizaria. 

Assim, no afã de reunir “multidões” usou, como tantas outras, de um chavão muito atraente, mas que, na prática, se revela mentiroso, perverso e dolosamente manipulado, haja vista que a igreja, nenhuma igreja, e seus líderes, quaisquer líderes, não têm em estoque milagres para assegurar que “se você está precisando, venha recebê-lo”.

 Ora, todos nós sabemos que são incontáveis as pessoas que necessitam de um milagre. Tem aquela mãe que perdeu o filho e daria tudo para tê-lo de volta... tem aquele paralítico que, desde tenra idade, tem os membros inferiores atrofiados... tem aquele senhor que, por acidente contraiu o vírus da AIDS e está em estado terminal etc. 

A lista é enorme. 

Todas essas pessoas estão desesperadamente necessitando de um milagre. A pergunta é: se atenderem o convite e forem até a igreja, esta ressuscitará o morto? Restaurará a perna do paralítico? Eliminará o HIV do paciente terminal?

Tem a igreja, em estoque esses milagres para garantir que os que vierem os receberão?
A resposta é não.

Ela está prometendo o que não tem para oferecer e, se fosse regida pelo CDC, seria enquadrada por propaganda enganosa.

Aliás, é uma pena que não haja uma legislação específica para coibir os abusos dos milhares de grupos religiosos que manipulam as pessoas objetivando os seus fins, nem sempre nobres.

Se eu acredito em milagres? Claro! Eu já os experimentei em minha vida. Operados por Deus, por meio do meu Senhor Jesus Cristo. E, ainda que não os tivesse experimentado, continuaria acreditando, porque não há nada impossível para Deus.

Mas não é disso que estamos falando.  O que estamos falando é que a igreja não pode prometer aquilo que não está à disposição dela.

Ela pode, por exemplo, prometer aos que vierem que, se estiverem precisando de alimentos, lhes oferecerá uma cesta básica. Se a necessidade for remédio, ela custeará as despesas. Se for frio, ela lhes doará, com prazer, agasalhos. Isso ela pode prometer. Isso está ao alcance dela.

Interessante que isso, tão simples, tão necessário, tão bem-vindo, ela, a igreja, não promete. Ou seja, aquilo que tem, ou poderia ter na dispensa, não oferece. Aquilo que não tem, engana que tem, promete que vai dar, não dá e, em regra, transfere a culpa.

A você que me lê e que porventura esteja precisando de um milagre, minha palavra é: clame a Deus, sem intermediários, sem sacerdotes, sem a falsa idéia de que a oração, ou a súplica, ou a reza de quem quer que seja será mais poderosa que a sua.

Não perca a esperança. Deus pode até não fazer a sua vontade, mas, com certeza, ele não recusa um coração contrito.

Mas se as coisas não saírem exatamente como você gostaria, lembre-se: nós estamos no mundo. O mundo é assim mesmo: tem suas igualdades e suas desigualdades. Tem gente nascendo e gente morrendo. Tem gente sendo curada todos os dias e todos os dias tem gente adoecendo.

A existência, porém, não se limita aos poucos anos que passamos por aqui. Daqui a pouco tudo será passado. Mas a vida continua e, por causa do muito amor com que Deus nos amou, ela será, para os que quiserem, maravilhosa.

Então, se uma igreja lhe convidar para se reunir com ela em agradáveis momentos de comunhão e culto... de interação e intercessão... de estreitamento de vínculos de amizade e de solidariedade, vá! É com gente assim que me reúno.

Mas se o convite for para você ir para receber o que a igreja não tem para dar, não vá. É propaganda enganosa. E quem faz propaganda enganosa pode fazer muitas outras coisas prejudiciais a você.
Paulo Natalino Dian

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